sábado, 19 de novembro de 2011

A síndrome do edifício doente

    Na década de 70 em meio à crise do petróleo, ocorre a elevação do preço dos combustíveis, causando uma crise energética em nível mundial. Com isso, ocorreram mudanças nos projetos de construções de edifícios, tornando-se tendência a construção de prédios cada vez mais fechados, ou seja, com pouca ventilação,  reduzindo o gasto de energia para a manutenção da circulação do ar. Mas este estilo de construção precisava de uma automatização dos sistemas de ar condicionado, pois prezavam apenas pelo controle da temperatura e da umidade do ar. Desse modo estes prédios acabam deixando de lado fatores como a qualidade do ar, que diz respeito à saúde dos ocupantes desses ambientes.
    Este tipo de construção podia ter solucionado um problema, mas passou a ser responsável por outro ainda maior. A baixa captação do ar resultou no acúmulo de poluentes biológicos e químicos no interior destes edifícios, dificultando, assim a renovação do ar. Poluentes biológicos como fungos, protozoários e ácaros, cuja proliferação era favorecida pela limpeza inadequada de carpetes, tapetes e cortinas e os poluentes químicos como o monóxido e o dióxido de carbono, amônia, dióxido de enxofre, formaldeído, entre outros eram gerados no interior destes locais a partir de materiais de construção, produtos de limpeza, cigarros, copiadoras e até o próprio metabolismo humano. Esses fatores foram a causa do que se convencionou chamar de "Síndrome do edifício doente"(Sick Building Syndrome-SBS).
    Essa síndrome relaciona-se às condições ambientais observadas no interior dos edifícios e os níveis de agressão à saúde de seus ocupantes. Em 1982 a Organização Mundial da Saúde(OMS) reconheceu a Síndrome do edifício doente, quando a contaminação do ar em um hotel na Filadélfia, que foi responsável por 182 casos de pneumonia e pela morte de 29 pessoas. De acordo com as pesquisas que vêm sendo realizadas, como a do IMETRO-qualidade do ar, podemos afirmar que um edifício está doente quando cerca de 20% de seus moradores apresentam sintomas transitórios, devido ao tempo de permanência em seu interior. Os principais sintomas apresentados são: irritação dos olhos, nariz, pele e garganta, dores de cabeça, fadiga, náuseas, entre outras.
    No Brasil, combater essa síndrome tornou-se sério quando em 1998 o então ministro das comunicações, Sérgio Motta, faleceu após ter seu quadro clínico agravado por causa de fungos alojados em dutos do sistema de climatização. Atualmente a ANVISA estuda definições de critérios para ambientes climatizados com fins especiais, como as salas de cirurgia e UTIs, onde o risco de contaminação pode ser fatal. Dentro desse contexto, a poluição intensa destes ambientes está se tornando assunto de relevância em vários países.